Tempo! Tão precioso e requisitado tempo!
Quantos de nós já nos pegamos queixando da falta de tempo na correria do dia a dia, colocando empecilhos para fazer atividade física, dormir melhor, cozinhar nossa própria comida, fazer boas escolhas alimentares, sempre clamando pelo tempo.
De um dia para o outro vimos toda a nossa rotina mudar com a chegada da pandemia do COVID-19. Nenhum de nós dessa geração, já viveu algo sequer parecido com o que estamos vivendo agora. Tivemos nosso trabalho limitado, ou até mesmo restrito; comércios não essenciais, academias, bares, restaurantes fechados; competições esportivas, eventos festivos suspensos.
Tudo que mais julgávamos como essenciais em nossas vidas, já não ocupam mais tanto a nossa rotina e o nosso tão desejado tempo, agora sobra e se alonga em intermináveis horas. Passamos praticamente o dia todo em casa, fazendo pouca ou nenhuma atividade física, com isso, claramente nosso gasto energético (o quanto gastamos de energia por dia), reduziu muito. Em contrapartida nossa ansiedade e nossa “fome emocional" aumentaram, nos levando a abrir o armário e a geladeira a procura de comida com mais frequência. E quando se trata de “fome emocional” e não fisiológica, a tendência é buscar alimentos e produtos alimentícios pouco saudáveis, ricos em carboidratos refinados, açúcares, gorduras ruins, algo que sacie o cérebro.
Grande engano! Tudo que conseguiremos é formar um ciclo vicioso de ansiedade, “fome”, pico de insulina, pico de glicose, gordura acumulada, células inflamadas, ansiedade…
Mas podemos “virar a chave”, mudar o foco e realmente aproveitar esse tempo que temos agora para melhorar nossos hábitos, aprender a cozinhar pelo menos o básico, a organizar sua geladeira e seus alimentos de maneira que facilite sua semana. Começar uma dieta e ter tempo para se dedicar e assim, quando a correria voltar, o que antes parecia difícil e não te permitia dar o primeiro passo, já será um hábito tudo irá fluirá de maneira natural e simples.
Então vamos a prática? Vou dar a vocês algumas dicas simples sobre como planejar e organizar sua rotina alimentar, lembrando que cada um de nós tem seus objetivos, necessidades e individualidades, e é aí que a nutricionista entra para adequar tudo. Todavia, acredito que o básico sirva para todos.
Escolha um dia para fazer sua feira da semana, assim você se organiza de maneira que não falte nada e não precise ir ao mercado mais de uma vez, o que acaba demandando mais tempo;
Se está tentando melhorar seus hábitos, foque no básico que não tem erro, e não fique se apegando aos detalhes. Ninguém precisa ser 100% o tempo todo. Eu sempre prefiro que meu paciente faça o melhor que ele puder, dentro da sua realidade do momento;
Se der para ser orgânico, ótimo; se não, tudo bem. Se der para cozinhar tudo na hora, maravilha; mas se precisar deixar picado na geladeira ou congelado, ou aproveitar a comida, mesmo que com alguma perda nutricional, ainda é infinitamente melhor do que comer algum fast food, ou algo parecido;
Quando pensar em sua lista de compras, pense nas cores dos alimentos, uma vez que cada cor confere diferentes nutrientes, com isso mais saúde, mais saciedade e mais equilíbrio nutricional. Tente variar sempre: pelo menos 3 tipos de vegetais, 2 tipos de folhas (uma verde clara e uma verde escura), 3 tipos de frutas, proteínas de alto valor biológico como ovos, frango, peixes, carne bovina magra. Algum cereal como a aveia, que é riquíssima em nutrientes e com um preço acessível, fibras simples de usar como a semente de chia e a de linhaça. Castanhas, que além de promoverem saciedade são fáceis de levar para um lanche no trabalho, e a dica para encontrá-las a preços mais acessíveis por preços melhores nos mercados de produtos naturais. Arroz integral e feijão. Com esses alimentos é possível fazer uma dieta saudável, acessível financeiramente;
Feitas as compras, por mais chato que seja, já deixe tudo lavado, higienizado e seco. Guarde as folhas limpas e secas em saquinhos separados e dentro de caixas ou vasilhas fechadas, cobertas com um papel toalha para proteger da umidade e conservar mais, ele vale para as frutas e as verduras. Já guarde as carnes no congelador picadinhas ou para bife, em saquinhos separados em porções;
Se quer uma dica que será libertadora quando se trata da sua alimentação, aprenda a cozinhar! Ninguém precisa ser um masterchef, mas a menos que tenha uma cozinheira, aprenda a se virar e organizar a própria comida. Além de mais saudável, é economicamente mais viável;
Tenha curiosidade: leia rótulos e se atende não só as calorias, mas principalmente a lista de ingredientes, para saber o que realmente está comendo, e se ver nomes estranhos demais, que você não reconhece como alimento, saiba que não é muito “boa coisa”;
Saiba o mínimo que seja sobre nutrição, que na minha opinião deveria ser matéria do ensino fundamental. Se você não tem uma nutricionista para te ensinar, seja curioso, é sua saúde que está em jogo. Vá no Google, procure sobre nutrientes e funções no seu organismo, já é um ótimo começo;
Não há bônus sem ônus. Entenda que na vida, em pouquíssimos momentos, nós realmente fazemos só o que gostamos e nos faz sentir confortáveis. Tudo, tudo mesmo, exige luta, renúncia, disciplina, trabalho, e com nossa saúde e dieta não é diferente. Então se quer ter liberdade e não viver refém de uma dieta restritiva, ou em uma busca eterna e frustrante por um corpo ideal, apenas faça o que tem que ser feito, insista, repita, até que se torne natural e simples;
Por fim, descomplique. Foque no simples, no básico, no “arroz com feijão”, na comida de verdade, no descasque mais e desembale menos. Tenhamos saúde física e mental!
Com carinho e saúde, Karen Guimarães.
CRN-1: 9703.
IG: @karenguimaraes
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